Cartas Para Lugar Nenhum é a newsletter de JP Lima. Aqui ele escreve sobre mudanças de estado e de vida, valorizar o próprio trabalho, literatura, mídias variadas e sobre a vida, no geral.
O nome vem da ideia de que newsletters são uma espécie de blog compacto via mail e que ela pode chegar a pessoas que eu nunca imaginaria que leriam algo que, em tese, vai via email. Também tem um pouco a ver com esse processo meio solitário e escrever e não saber exatamente para quem.
Não importa em quem essa publicação chegue, eu espero que entretenha, divirta, inspire ou cause curiosidade a quem a ler.
Se quiser apoiar meu trabalho você pode dedicar 10 reais mensais ou 80 anuais e me ajudar a produzir com mais frequência e menos hiatos. O meu ritmo de trabalho anda maluco e acabo escrevendo menos na newsletter do que gostaria, e quero mudar isso. Compartilhar, recomendar e comentar também ajuda muito a manter a vontade =).
A vida não é feita apenas de vitórias, e isso é algo que a gente descobre muito cedo. Somos colocados em posições e avaliados de forma competitiva na escola, nas atividades extracurriculares, nos jogos educativos. Pais falam a seus filhos que eles tem de ser líderes e se sair melhor, que “não são como todo mundo.”Somos sempre incentivados a acreditar nessa dualidade “vencedores X perdedores”.
Um escritor cuja prosa eu sempre gostei, apesar de algumas divergências políticas, é o JB (Notas de Quinta), ele que escreveu um livro chamado Edifício Tristeza, e que acha que as histórias dos fracassos devem sim ser celebradas e contadas. Esse incentivo um pouco melancólico a lembrar de quem não conseguiu o que queria, quem não tem medo de ter errado, tem uma beleza difícil de exprimir.
Recentemente fui impactado por outras coisas que me levaram a pensar muito sobre esse tema das falhas e do fracasso. Não me mudei para Salvador na melhor fase de minha vida e ainda estou catando os cacos de algumas (várias) quedas que tive em diversos âmbitos da vida nos últimos anos. Mas parecia que algo estava tentando me passar uma mensagem.
Assisti o criativíssimo Hazbin Hotel e fiquei com a canção Loser, Baby que fala sobre estar no fundo do poço junto dos amigos e se consolar com o fato de não estarmos sozinhos. Depois fui ver o novo clipe da dupla Garfunkel & oates que se chama…Such a Loser . Outro dia, uma das pessoas que mais amo e admiro, a Clau, me disse que eu me cobro DEMAIS, e pareço nunca achar que estou fazendo o bastante. E me peguei pensando:
E se eu realmente aprendesse a celebrar os meus erros e perrengues?
Pode parecer um conselho bobo de autoajuda ou uma daqueles textos do Linkedin que dormem de conchinha com a positividade tóxica, mas a verdade é que a gente tem sim de celebrar os erros. As ciladas em que se enfia e o que aprende com elas. Abraçar nossos amigos, amados, colegas e a nós mesmos quando falhamos, mesmo que de forma espetacular. Porque a vida não é:
1-Justa e equilibrada.
2-Linear e com pouco caos.
3-Coerente.
A gente acaba se esquecendo disso quando cai nas ciladas ideológicas de uma ideologia que diz que nem todo mundo faz por merecer ser feliz. Mas a verdade é que eu quero um mundo no qual todo mundo tenha direito à dignidade, meios para ser feliz. E se a gente sabe que o sistema é injusto e tão problemático porque nos cobramos o tempo todo por nossos revezes e ficamos internalizando culpa (uma coisa que faz bem pouco sentido) quando algo dá errado, mesmo que esteja totalmente fora do nosso controle?
Ergamos um brinde às nossas falhas, e que isso não nos force a ficarmos felizes quando a vida nos presenteia com um bando de merda, pelo contrário. Mas nossos fracassos (que nem sempre são nossos: podem ser do sistema educacional, do contratante, do núcleo familiar) não são motivo de nos sentirmos pessoas piores.
Na vida a gente tem as tentativas, as relações que cultiva, as habilidades que desenvolve e um pouco de sorte também.
E os fracassos são um dos muitos derivados do que fazemos com isso. Então abrace as pessoas queridas, estenda a mão e ofereça os ombros para que quem tomou um baque perto de você possa chorar e reclamar das frustrações. E tente, sempre que possível, se orgulhar de estar cercado de pessoas incríveis, mas que também são, ou foram em algum momento, um bando de perdedores.
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Até a próxima,
JP
Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu
nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas aprendendo a jogar.
beijos.