Pra não dizer que só falei das dores

Uma leve retrospectiva e novas ideias para um novo ano

Dec 30, 2024

Cartas Para Lugar Nenhum é a newsletter de JP Lima. O nome vem da ideia de que newsletters podem chegar a pessoas que eu nunca imaginaria que as leriam . Também tem um pouco a ver com esse processo meio solitário e escrever e não saber exatamente para quem.

Se quiser apoiar meu trabalho você pode dedicar 10 reais mensais ou 80 anuais e me ajudar a produzir com mais frequência e menos hiatos. O meu ritmo de trabalho anda maluco e acabo escrevendo menos na newsletter do que gostaria, e quero mudar isso. Compartilhar, recomendar e comentar também ajuda muito a manter a vontade =).

Eu passei boa parte de 2024 me adaptando. Novas amizades, novos ciclos, um novo emprego (e mais alguns freelas porque milennial não para) e uma nova postura quanto à minha família de sangue (eu basicamente me apartei quase totalmente dela). Isso trouxe muitas reflexões, muitas crises, mas também alguns impulsos criativos e construtivos legais.
Então hoje teremos: SUBTÓPICOS. Não é comum nessa newsletter, mas bora tentar.

Fogo pra todo lado

Queimar coisas é algo primordial. Do atear fogo a cadáveres para fazer alimento (churrasco), usar fogo para destruir lembranças ou ideias que nos desagradam (purificação) até formas revolucionárias de interagir com autoridades (coquetel molotov), a gente entende fogo como uma força da criação e destruição. Prometeu teve o fígado comido infinitamente por nos trazer o fogo, e seria um pouco de sacanagem não usar esse presente.

Esse ano eu “queimei algumas pontes”, como dizem os anglófonos, me distanciei de pessoas, deixei para trás alguns hábitos e me decidi a, cada vez mais, deixar coisas para trás. Eu venho de uma criação complicada de culpa cristã e pânico moral acentuados e eu vivia sempre me questionando se tudo bem eu não querer manter uma relação, recusar um trabalho, optar por dizer não. Cinco anos de psicoterapia depois (obrigado Dri, você é uma terapeuta maravilhosa) e eu estou mais tranquilo quanto a isso. Eu ainda me sinto cheio de ideias efervescentes e fogo criativo, mas também me queimo menos quando decido eliminar algo da vida, e que as cinzas vão para a PQP.

Eu fiz coisas

Esse ano eu me envolvi em diversos projetos interessantes, e como é legal falar de mudanças, quero expor aqui algumas coisas que fiz e que me deixaram bastante feliz.

Eu traduzi um RPG bem legal

Avatar Legends: O RPG é um sistema/cenário de RPG criado pela Magpie Games e trazido ao Brasil pelo pessoal da D20 Culture/Editora Ponycorn. E eu, ao lado da minha querida companheira Leticia Zumaeta, trabalhei na tradução dos primeiros três livros do sistema.

Os livros são bem legais, a tradução foi cansativa mas bem divertida e o resultado final ficou incrível. Você pode comprar eles na loja online da Editora Ponycorn.

Saiu um livro com textos meus (e de mais um monte de gente incrível)

O Tempos Fantásticos finalmente virou livro, com a ajuda da Plutão Livros. Esse livro, organizado pelo Angelo Dias e com trabalho de mais um monte de gente incrível pode ser seu por um valor bem ok, e eu garanto que algumas risadas e vários “quem teve essa ideia maluca da porra?” vão surgir. Dá uma olhada lá, e compra, se achar legal.

Eu comecei um novo emprego/uma nova função

Quem já deu uma olhada no meu Linkedin sabe que eu já fiz mil coisas na vida. Minha carreira quase sempre circulou ao redor de cultura, entretenimento e criatividade, mas já houve uns desvios por aí. Desde julho desse ano eu comecei um trabalho fixo em uma agência que cuida das carreiras de influenciadores digitais primariamente focados em jogos. Eu tô aprendendo muito mais do que achei que aconteceria com colegas, situações e tô cada dia mais Copywriter/UX Writer/Roteirista/Mil tipos de pessoa que escreve. E tá sendo uma jornada bem interessante. Dito isso, quem quiser falar de freelas de escrita, meu contato continua disponível.

Share Cartas de JP, por ele mesmo.

Os 4.0 estão chegando aí

Na data em que envio essa edição estou fazendo 37 anos. Uma idade na qual não estou nem perto de ter o conforto e a estabilidade que queria na vida, mas num mundo caótico e num sistema econômico que precisa ser superado em breve, até que não estou mal.

Eu estou ANIMADO com a chegada dos 40, na verdade, porque sinto que, a cada dia que passa, estou mais ciente de quem sou/quero ser, apesar da necessidade cada vez maior de cuidar da saúde. Mas é isso, aprendizados, maturidade, blá blá blá, etc e tal, a gente fica com menos paciência pra encheção de saco e começa a meter o louco de forma mais estratégica e pensada. Nas palavras de um grande poeta: 2025 vai ser LOKO.

Salvador começa a parecer um lar

Ainda tem mil coisas que eu quero mudar na minha vivência na cidade, desde mais independência e estabilidade até ver mais amizades, amores e lugares especiais. Mas é um passo, e se sentir menos um peixe fora d’água ajuda muito. Eu ainda DERRETO no verão de Salvador? Sim. Mas ao menos estou cada dia mais habituado.

O sotaque paulistano ainda me revela como “não sendo daqui” pra todo mundo, mas faz parte. A gente carrega o lugar de onde vem com a gente sempre, par ao bem ou o mal.

Cartas de JP, por ele mesmo.