Cartas Para Lugar Nenhum é a newsletter de JP Lima. O nome vem da ideia de que newsletters podem chegar a pessoas que eu nunca imaginaria que as leriam . Também tem um pouco a ver com esse processo meio solitário e escrever e não saber exatamente para quem.
Se quiser apoiar meu trabalho você pode dedicar 10 reais mensais ou 80 anuais e me ajudar a produzir com mais frequência e menos hiatos. O meu ritmo de trabalho anda maluco e acabo escrevendo menos na newsletter do que gostaria, e quero mudar isso. Compartilhar, recomendar e comentar também ajuda muito a manter a vontade =).
Nas últimas semanas venho me sentindo abatido, esgotado, desmotivado. O mal estar das pessoas ao meu redor, da enorme carga de trabalho, das muitas horas gastas pensando sobre a necessidade de dinheiro, sobre conseguir ainda mais trabalho e sobre como o mundo está acabando (para a humanidade) cada vez mais rápido.
Quando me vejo diante de perspectivas tão negativas, tradicionalmente me lembro de Ferreira Gullar ‘A Arte existe porque a Vida não basta.’, e também do discurso do (agora polêmico e cada vez menos amado) Neil Gaiman ‘Faça Boa Arte’.
Então hoje, se me permitem a ligeira egotrip, resolvi escrever uma newsletter sobre coisas legais que fiz no último ano e meio. Apenas porque acho que é importante a gente aprender a reconhecer as coisas interessantes que faz e como isso impacta nossas vidas nesses tempos em que é tão mais fácil ser pessimista.
Escrevi meu primeiro manual de jogo de tabuleiro
Ainda morando em São Paulo eu fui contatado por uma amiga cujo namorado precisava de alguém que escrevesse um manual para um jogo de tabuleiro que ele e um sócio estavam criando. É baseado numa propriedade intelectual incrível, foi um desafio foda escrever algo lúdico, objetivo, sucinto e elegante, mas… deu certo. Deve sair até o começo do ano que vem e aí volto com mais detalhes.
O mais importante: aprendi pra caralho sobre regras e a dificuldade de facilitar conceitos abstratos numa coisa que parece tão enganosamente simples quanto um jogo de tabuleiro voltado para um público que inclui crianças.
Trabalhei em um roteiro de animação
Eu trabalho com escrita há anos, livros, roteiros para quadrinhos, vídeos institucionais e mais. Também fiz curadoria e avaliação de séries, filmes, roteiros e bíblias para um dos maiores players do mercado (Warner Bros Discovery/MAX)Mas nunca tinha trabalhado num roteiro original independente e esse ano tive essa oportunidade.
O mais importante: Pude participar de um novo tipo de projeto e trabalhar com uma amiga roteirista incrível que cria umas coisas geniais. E percebi que a ideia de contar histórias em animações ainda me fascina.
Criei conexões em Salvador
Desde que eu postei no falecido Xwitter que tinha tido um encontro romântico no qual a pessoa não entendia muito bem o que é não-monogamia. Isso virou piada em alguns espaços, mas a verdade é que, depois disso, eu criei mais conexões na cidade.
O mais importante: Não me sinto mais um paulistano perdido em Salvador sem pertencer a nenhum dos dois lugares.
Aprendi uma porrada de coisas no emprego novo
Comecei num novo trabalho fixo faz 3 meses. Não é de carteira assinada (a falecida CLT/CTPS perdida nesse país faz falta) mas é fixo, é corrido e é desafiador. É engraçado como a gente acaba aprendendo muita coisa trabalhando com assuntos que nem imaginava. Ainda estou trabalhando com jogos, mas também com influenciadores e estou cada dia menos sendo um profissional apenas do texto.
Aprendi princípios básicos de lógica de programação, sobre automações, copy conversacional e mais uma pá de coisas. E adivinha: estou gostando.
O mais importante: Não me sentir estagnado/colocado numa função na qual minhas habilidades e vivência não servem de nada.
Traduzi o RPG de Avatar
Eu não falo muito disso aqui mas o RPG foi o hobby que me ajudou a superar as minahs primeiras barreiras sociais. Trabalhei traduzindo suplementos, organizei eventos e fiz um ou outro freela aqui e ali, mas nunca tinha feito nada tão grande.
Até que, esse ano, traduzi, junto da minha maravilhosa companheira Leticia, os livros do financiamento coletivo da D20 Culture. Foi um ritmo maluco de trabalho, desafiador, mas pude trabalhar, mais uma vez, com uma propriedade intelectual que amo, como é o caso de Avatar Legends.
O mais importante: Os livros estão começando a ser enviados e esotu ansioso pra ver o resultado do nosso trabalho, além do dos revisores, editores e todo mundo que deu o sangue.
Enfim
E você, como está? O que fez e de que se orgulha nos últimos tempos? Tem conseguido falar dos seus méritos e se tratar com carinho no meio de todo o caos?
O mais importante: entender que a gente anda vivendo num mundo muito cruel e desgastante e que você já tá fazendo o suficiente tentando manter a sanidade e a saúde enquanto é bombardeade de tanta coisa maluca.
Gosta do que eu escrevo e acha que pode querer me contratar para algum trabalho ou colaborar comigo em algo?
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Mora em Salvador e quer ser migs? Quer dar em cima de mim? Quer me ameaçar por falar mal de São Paulo? Meu Instagram é j.limag e o Bluesky é @jplimag.bsky.social
Um abraço eté a próxima,
JP